Ver aquele botãozinho vermelho com um numerozinho tão inocente gritando baixinho a quantidade de mensagens não visualizadas nos tantos aplicativos do celular é uma bomba natural de ansiedade. Já dá um siricotico no dedo que sai impulsivamente clicando e automaticamente apagando o real motivo que me fez desbloquear o celular.
Depois de algum tempo rolando o dedo no feed, lista de emails, vídeos do grupo da família, fake news do grupo de amigos, áudios e mais áudios de grupos infinitos de conteúdos do telegram (que agora virou modinha e já me arrependi de ter me cadastrado em tantos grupos), aí sim, acontece a pausa. Os olhos dão uma embasada e a nuvem da procrastinação começa a se dissolver. De repente um micro-relâmpago em meio a tempestade digital acende na memória e faz voltar a pergunta – pq é mesmo que desbloqueei meu celular?
Ah, sim, precisava anotar “detergente” no Google Keep.
E assim me afogo nas “urgências” que muitos alguéns ditam na infinita web. Me perco na ausência da minha própria voz de comando que deveria saber e reconhecer meu foco e meus limites. No vazio dos meus planos, alguém me preenche com outros vazios. Lá se vão as rédeas do mínimo de autogestão e autocontrole. Lá se vai o tempo precioso que eu insisto em dizer que “não tenho”.
Chega, botão vermelho! Tua vermelhitude inquieta reflete o botão que me falta dentro de mim. O da determinação de dizer, com amor, “hoje eu não posso fazer isso por vc”, “esse trabalho não vai rolar”, “agora não vou ver aquela Live linda de quem eu admiro”. O botao da “Menos Live e mais Leve“ no bombardeio de notícias catastróficas. O de desligar ou parar de seguir aquilo que perturba minha consciência e me afasta de quem eu realmente sou POSSÍVEL de ser nesse momento de caos.
Na pandemia, o urgente é o possível. Sendo assim, “sim, botãozinho, eu te ignoro, pq eu me amo muito mais”. Foco, fé e resiliência. Por dias de mais paz e domínio próprio.
#clareanasara #psicologia #terapiajunguiana #sosnau25