Quando falta o toque do abraço

Somos um povo que ama dar abraços! O toque do beijo e do carinho tece a base da nossa cultura e contorna a nossa existência humana. A experiência da pele nos fala da intensidade dos nossos afetos, do quanto queremos muito estar ao lado daquela pessoa, do quanto desejamos imensamente que o abraço seja uma casa aberta de acolhimento. Abraço é porto-seguro em tempos de depressão e solidão. O aperto de mão e o toque de ombro do companheirismo são a fala certeira de que estamos juntos nessa lida da vida. Toda cumplicidade cabe num abraço quando é inteiro e verdadeiro! E como é bom um upa de urso bem forte e caloroso!

Mas, e agora que não posso te tocar, pela necessidade dessa pandemia, como fazemos pra falar e demonstrar nossos sentimentos? Na ausência do toque, nos resta o OLHAR. Nasce em nós a única possibilidade de VER o que ainda não vimos em nossas relações. É o abraço humanitário da solidariedade e do companheirismo através do EU TE VEJO. Vejo todos os profissionais que estão na rua batalhando pra manter a nossa saúde e o nosso sistema minimamente funcionando – seguranças, porteiros, policiais, inspetores de vigilância, caixas de supermercado, garis entre outros muitos brasileiros que não desistem nunca. 

Todos esses são linha de frente dessa pandemia, enquanto muitos vivem essa dicotomia de estar muito próximo de quem há muito tempo talvez se estava tão longe (maridos, esposas, filhos), e estar tão longe do que se estava tão tão perto (longas jornadas de trabalho, trânsito, escola e correria da vida “naturalizada” por coisas a se fazer). Essa aproximação dos “nossos de casa”, por mais difícil que às vezes seja, pede o abraço, o colo e o amparo. É tempo de construir um ninho de afeto num laboratório hermético de 24h por dia e 7 dias da semana e VER o que ainda não havíamos visto.

E a aproximação dos “nossos de fora” pede o abraço-olhar, que vê e reconhece a importância de todos, e principalmente, dos famigerados há muito tempo esquecidos e marginalizados. É tempo de fazer ninho de afeto numa distância segura e silenciosa, mas fraterna e humana, onde o olhar toca e realmente inclui e se faz abraço de paciência e resignação.

#fiqueemcasa #eutevejo #psicologia #psicologiadasemergencias #abraço #aqueleabraço #luto #covid #coronavirus

Precisa de apoio?

Estamos atravessando um momento muito intenso em que as emoções estão muito afloradas. Muitas pessoas estão precisando de um suporte pra manter seu equilíbrio mental e emocional.

Conte comigo para fazer essa travessia junto com você.

Envie-me uma mensagem e vamos conversar:​