Escrevo com as mãos suadas. Nervosa por antever que conseguirei expressar somente um pouco do tanto que estou sentindo.
Pra início de prosa, te proponho um exercício imaginário: pense num grande amigo. De repente ele te liga e te diz que viu num site a foto do pai dele morto por suicídio e a foto da carta de despedida. Ele não havia tomado conhecimento dessas fotos e muito menos permitido que fossem publicadas nas mídias.😢
Dói só de pensar. Estamos imaginado que é com um amigo, não com vc. Mas talvez tenhamos caminhado um pouco mais na virtude da EMPATIA e da conexão humana, e imaginemos, por um segundo só, que esse episódio trágico pode acontecer de verdade com qualquer um e dói por ser assim, especialmente nesse momento.
Dói reconhecer essa faceta da morbidez humana que permite a exposição de algo tão pessoal. Dói a falta de olhar cuidadoso com tantas pessoas vulneráveis que tb sofrem e pensam em suicídio, e tratar esse assunto em forma de notícia polêmica e alarmista só abre margem pra destruir mais corações.
É preciso MUITO respeito com esse assunto. É preciso MUITO respeito com os familiares e amigos enlutados pela falta de uma pessoa que cometeu suicídio. É preciso MUITO amor e fraternidade de todos para que possamos estender mais um silêncio de afeto do que uma palavra de “e daí?”.
💔 O luto de quem perdeu um suicida não é reconhecido socialmente, não recebe apoio e muitas vezes é banalizado e impedido de ser expressado como dor. Isso é fruto de uma cultura que nega a morte, especialmente a por suicídio.
Pensar na mensagem que o ator Flavio Migliaccio nos passou é importante para que ACORDEMOS para o sentido da VIDA COLETIVA que mais do que nunca precisamos RESGATAR, na qual TODOS tem valor. Essa reflexão pode existir de inúmeras maneiras. Mas não com a dor do desrespeito da exposição.
Esse assunto é um baque né?! Arrasta pro lado e veja formas de ajudar alguém enlutado. E conta comigo!
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